segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Modelo da empresa capitalista liberal:

MODELOS ÉTICOS.

Modelos são maneiras de representar a realidade, amplamente desenvolvidos pelas ciências; não são como às vezes se entende, expressões de ideais a serem perseguidos.

Também na ciência ética fala-se de modelos éticos, porém é preciso recordar desde logo que a transcendência da Ética impede sua real submissão a modelos.


FUNDAMENTOS.
As idéias do filósofo inglês Thomas Hobbes, do século XVII, podem ser consideradas como as sementes éticas do capitalismo liberal (e neoliberal), embora também para ele tenham contribuído o Humanismo Renascentista (o homem no centro de tudo) e a Reforma Protestante (o enriquecimento como benção divina). A expressão interesse próprio, enfatizada por Laura Nash, provém desse contexto.

CARACTERÍSTICAS DO MODELO.
O objetivo principal do comportamento da empresa, o que mais lhe interessa, é o lucro, o lucro máximo. O economista e prêmio Nobel Milton Friedman, considerado um dos pais do neoliberalismo, afirma claramente que a empresa e seus executivos, enquanto tais, não devem ter outra responsabilidade senão ganhar o máximo lucro possível para seus acionistas. Pois uma empresa bem-sucedida em termos de retorno não beneficia somente os acionistas, mas também clientes, fornecedores, empregados e a sociedade em geral, através dos impostos pagos.

PARECER ÉTICO.
No modelo capitalista liberal os valores éticos são relativos; são praticados ou não conforme sua contribuição para o lucro. Não são valores absolutos, que se devam praticar sempre.

Alguns poderiam considerar este modelo como sendo ético, porque seus meios e objetivos são sempre os permitidos por lei. Sabemos, no entanto, que geralmente a verdadeira Ética é mais exigente que alei e não admite concepção relativista dos seus valores.

O MODELO CAPITALISTA SOCIAL
Trata-se de um abrandamento do modelo liberal, pois ultrapassa o egoísmo e o interesse próprio, dá maior atenção à pessoa, à sua natureza e dignidade.

O modelo é conseqüência, por um lado, da reação histórica do século XIX contra os abusos do capitalismo e, por outro lado, da doutrina social cristã, expressa pelas encíclicas papais, a partir de Rerum Novarum de 1981 e da estruturação gradativa dos conceitos de justiça social.

FUNDAMENTOS.
Vejamos o que poderíamos considerar como bases filosóficas desse modelo.

Primeiro: o ser humano é natural e essencialmente social;

Segundo: cada indivíduo, enquanto ser racional, busca como objetivo pessoal sua auto-realização ou perfeição;

Terceiro: como meio para atingir os fins citados, os seres humanos estabelecem objetivos comuns, somente alcançáveis quando todos colaboram para o bem-estar social;

Quarto: a atitude perante a lei deve ser de obediência e de superação.

Concluindo, pode-se dizer que os fundamentos do modelo da empresa capitalista social apresentam pontos de afinidade com a própria ética social de Tomás de Aquino.

CARACTERÍSTICAS DO MODELO.
Esse modelo ético faz uma combinação coerente dos valores altruístas com a motivação do lucro. Por exemplo, nele se inserem as políticas e programas de qualidade e de valorização do cliente, da moderna administração empresarial.

PARECER ÉTICO
Tanto a teoria quanto a prática do modelo ético da empresa capitalista social apresentam certa coerência com os princípios e valores éticos clássicos da pessoa e com o bem comum.

A empresa que segue esse modelo esforça-se por atender às necessidade e preferências do cliente, oferecendo crescente qualidade de produtos e serviços.

Padrões comportamentais

Padrões comportamentais são modelos que servem de paradigma ou exemplo a seguir. Através dele, a empresa visa alcançar determinados objetivos, que entende serem convenientes.

Os padrões de comportamento devem ter como fundamento os princípios e os valores éticos, mas também exprimem necessidades operacionais de setores da empresa.

Valores empresariais

Valor exprime necessidade ou utilidade das coisas. Aquilo de que necessitamos o alimento, água, a casa, tem valor. Aquilo que nos é útil, o carro, o relógio, o computador, o telefone celular, tem valor.

Valores éticos, como sabemos, só podem ser atribuídos a pessoas, pois elas são os únicos seres que agem com conhecimento de certo e errado, de bem e mal, e com liberdade para agir. Valores éticos são indicadores da relevância ou do grau do atendimento aos princípios éticos.

Princípios éticos

Os princípios da Ética Social são seis: a dignidade da pessoa, o direito da propriedade, a primazia do trabalho, a solidariedade, a subsidiariedade e a primazia do bem comum.

Os seis princípios éticos sociais têm precedência absoluta sobre os chamados valores e padrões comportamentais da empresa. Mas estes, quando bem apanhados, são de grande eficácia para estabelecer presença da ética na tomada diuturna de decisões.




Referência:
Fundamentos da Ética Empresarial e  Econômica - 3º Edição - Editora Atlas 2007
Maria Cecília Coutinho de Arruda
Maria do Carmo Whitaker
José Maria Rodriguez  Ramos

Princípios, valores e padrões

A ética é de extrema relevância na empresa, posto que esta consista num complexo novelo de atos humanos. A Ética não é uma propriedade íntima da razão ou do coração, que só existe reclusa na interioridade da pessoa; ela extravasa da intimidade e aparece no ethos humano e no ethos empresarial. Podemos definir a Ética Empresarial como “o conjunto de princípio, valores e padrões que regula o comportamento das atividades da empresa do ponto de vista do bem ou do mal”.

Ética empresarial: Questões éticas na empresa

EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES.
A empresa é uma sociedade intermediária, constituída pelo ser humano, que se distingue pela atividade-meio: o trabalho. A empresa é vital, indispensável para a sobrevivência, tanto é assim que existe desde os primórdios da humanidade.

A atividade empresarial está integrada pela atividade de operários quanto de administradores. A ética embebe todos os atos humanos, portanto está presente em toda a atividade da empresa.

EVOLUÇÃO DA ÉTICA EMPRESARIAL.
Vamos apenas considerar um momento crítico em que se iniciou uma forma inovadora de organização da produção, a Revolução Industrial, e sua evolução posterior. No final do século XVIII, uma nova tecnologia modificava o binômio trabalho-máquina. A máquina a vapor proporcionava uma enorme quantidade de energia mecânica, localizada e podia movimentar um grande número de teares, localizados juntos. O tear movido a vapor poupava esforço físico dos tecelões, mas em contrapartida exigia sua reunião num local e num horário; surgia a fábrica. Esta era superior em eficiência ao trabalho humano físico, por causa da máquina; era também superior em regularidade, por causa dos estoques; era, além do mais, atraente ao homem porque no fundo ele sempre aprecia a convivência social. Em qualquer sociedade, e, portanto na empresa, o princípio ético fundamental é a dignidade da pessoa. Em conseqüência, a empresa capitalista ofende a Ética quando prioriza o capital sobre o trabalho.

RETORNO DA CONDUTA ÉTICA.
O retorno decorrente de uma política empresarial baseada no comportamento ético apresenta-se sob duas ordens, uma de fundo e outra de conveniência.

As razões de fundo são, sem dúvida, as principais: a ênfase na empresa funciona como o elixir que tudo melhora. Aprimora as pessoas, ajuda a que cada uma galgue os degraus do seu aperfeiçoamento, melhore o próprio trabalho, desenvolva suas qualidades pessoais, o relacionamento com os companheiros. Não existe comportamento ético sem qualidade no trabalho. A Ética torna o ser humano íntegro, coerente e feliz.

As razões de conveniência para a ênfase ética na empresa são cada vez mais evidentes. A empresa ética, que atua pelos princípios éticos sociais (respeito à dignidade pessoal, direito de propriedade, primazia do trabalho, solidariedade, princípio da subsidiariedade e primazia do bem comum), recebe o reconhecimento não só de quantos nela trabalham, mas principalmente dos clientes ou consumidores.

A ética empresarial implica criar tradição de cultura ética, que tende a crescer por si mesma; a empresa que encara frontalmente a sua vida ética cria uma energia interna que a guia para a frente. Forma- se assim círculo virtuoso e enriquecedor.

PROBLEMAS FREQUENTES.
Um problema a que a empresa deve sempre estar atenta é o da ofensa à transcendência do bem comum, no sentido de que ela não existe só para a satisfação dos interesses dos sócios e dos empregados. É preciso considerar o Bem Comum da sociedade mais ampla da nação. Isto exige que a atividade seja boa em todos os sentidos; o objeto da empresa não pode prejudicar outras, usando meios ilícitos.

A centralidade das pessoas

Os social-democratas têm procurado ter um welfare state máximo; os neoliberais, reduzir tal sistema e uma simples rede de segurança para os pobres.

De fato, os welfare state precisa de uma reforma radical. O estado do bem-estar proposto será um estado de investimento social, estabelecendo uma nova relação entre risco e seguridade, de um lado, e responsabilidade individual e coletiva, de outro.